A Lei nº 15.100/2025, que proíbe o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos portáteis nas escolas durante as aulas, intervalos e recreios, trouxe uma mudança significativa para os 47 milhões de estudantes da educação básica no Brasil. Desse modo, a medida já mostra resultados positivos em muitas instituições. Contudo, especialistas alertam que a proibição, por si só, não é suficiente para resolver os desafios educacionais e comportamentais relacionados ao uso excessivo de tecnologia.
O que diz a lei?
A princípio, a Lei nº 15.100/2025 proíbe o uso de celulares e dispositivos eletrônicos portáteis pessoais durante as aulas, intervalos e recreios em todas as etapas da educação básica. A exceção é o uso para fins pedagógicos, desde que orientado pelos professores. Assim, a medida foi recebida com entusiasmo por muitas escolas, mas também gerou debates sobre sua eficácia e abrangência.
Benefícios da proibição
1. Maior interação social
Alunos relatam que a proibição trouxe mudanças positivas. “Antes, todo mundo ficava no celular, sem conversar. Agora, vemos grupos jogando cartas e interagindo mais”, conta. Ao mesmo tempo, a proibição parece estar resgatando a convivência presencial, algo que havia sido perdido com o uso excessivo dos dispositivos.
2. Melhora no foco e no aprendizado
Professores também notaram diferenças. Victor Maciel, professor de biologia, observa que os alunos estão mais atentos e participativos. “Eles não tiram mais fotos do quadro. Agora, perguntam mais e tiram dúvidas durante a aula”, relata. A ausência do celular parece estar ajudando os estudantes a se concentrarem melhor no conteúdo.
3. Redução de problemas comportamentais
Diretores como Francisco Gadelha, do Centro Educacional nº 11 em Ceilândia, destacam que a proibição reduziu brigas e casos de bullying. “Estamos tendo menos conflitos e um ambiente mais tranquilo”, afirma.
Limitações da proibição
Apesar dos benefícios, a proibição de celulares nas escolas não resolve todos os problemas. Desse modo, confira os principais desafios:
Desafio | Descrição |
---|---|
Dependência tecnológica | Muitos alunos e adultos ainda são viciados em celulares, o que dificulta a adaptação. |
Falta de educação digital | A proibição não ensina os alunos a usar a tecnologia de forma consciente e responsável. |
Desigualdades sociais | Celulares de diferentes modelos e pacotes de dados podem destacar diferenças socioeconômicas. |
Crise de abstinência | Alguns alunos podem sofrer com a falta do celular, apresentando ansiedade e irritabilidade. |
Preparação para o futuro | A escola precisa preparar os alunos para um mundo cada vez mais digital e conectado. |
O que mais precisa ser feito?
1. Educação digital
Especialistas como Luiz Fernando Dimarzio, analista pedagógico da Ctrl+Play, defendem que a escola deve ensinar o uso consciente da tecnologia. “Definir momentos específicos para o uso pedagógico pode ser mais interessante do que simplesmente proibir”, sugere.
2. Regulação das redes sociais
A presidenta do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP-DF), Thessa Guimarães, alerta para a necessidade de regulamentar as redes sociais. “Elas são uma porta aberta para discursos de ódio, métodos de auto-lesão e outros riscos”, afirma.
3. Apoio psicológico
A proibição pode gerar crises de abstinência em alunos viciados em celulares. Thessa Guimarães recomenda apoio familiar e psicológico para ajudar esses jovens a substituírem o uso excessivo do dispositivo por atividades extracurriculares e interações presenciais.
4. Preparação para o mercado de trabalho
De acordo com a psicopedagoga Gabriela de Martin, a linguagem utilizada nos aplicativos de mensagem pode comprometer a capacidade de comunicação dos jovens. “Muitos chegam ao mercado de trabalho sem saber formular uma resposta adequada”, lamenta. Ao mesmo tempo, a escola precisa trabalhar habilidades de comunicação e escrita.

Proibição não resolve desafios dos excessos
Antes de mais nada, a proibição de celulares nas escolas é um passo importante para melhorar o foco dos alunos e promover a interação social. Contudo, ela não resolve sozinha os desafios relacionados ao uso excessivo de tecnologia. Em suma, é essencial que as escolas adotem uma abordagem mais ampla, incluindo educação digital, apoio psicológico e preparação para o futuro.