O que a Fisioterapia tem a ver com queimaduras? No Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, o papel dos profissionais, na Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ), ajuda na prevenção e redução de complicações e sequelas, levando o paciente a ter melhor qualidade de vida.
Eles trabalham com o objetivo de diminuir o edema e a dor, manter ou aumentar a amplitude de movimento e contribuem para que o paciente seja o mais ativo possível. Além de manter a função pulmonar, evitar e reduzir possíveis complicações respiratórias.
Os fisioterapeutas atuam em dois momentos: primeiro na sala de curativo, com paciente ainda anestesiado, quando analisam os ferimentos e já fazem a mobilização dos membros atingidos pela queimadura. Nesse momento também auxiliam na manutenção da função respiratória. Já em outra ocasião, com a ajuda do próprio paciente, os colaboradores realizam exercícios funcionais, sempre em associação com exercícios respiratórios, estimulando atividades de vida diária, como por exemplo, comer sozinho, a ter cuidados com a higiene corporal e a realizar a deambulação, podendo fazer uso de alguns recursos entre eles a escada e a rampa.
Para a fisioterapeuta Fabíola Lima, crianças e adultos são atendidos de maneiras diferenciadas. “Quando atendemos crianças, utilizamos recursos mais lúdicos por meio de brinquedos, atividades que atraiam a sua atenção e orientamos os acompanhantes para que brinquem com a criança estimulando o movimento dela. Já em adultos realizamos a cinesioterapia [exercícios] motora e respiratória direcionados para cada caso, priorizando a independência funcional do mesmo, estimulando sempre a deambulação precoce, ou seja, colocando o paciente para sair do leito”, frisou.
Fabíola ressaltou ainda que, se não fosse o fisioterapeuta, os pacientes, vítimas de queimaduras poderiam ter sérias complicações, como a perda da força muscular, redução dos movimentos articulares, edema e lesões por pressão (escaras) em pacientes acamados.
Ainda se ficasse restrito apenas ao leito e sem realizar exercícios, poderiam ter complicações respiratórias, como acúmulo de secreção pulmonar e dificuldade para respirar, e ser ainda mais demorado o tratamento de certas complicações respiratórias que o paciente queimado pode ter, como o derrame pleural (líquido no pulmão), pneumonia, insuficiência respiratória e ainda complicações vasculares, como trombose venosa. “Por isso, o nosso objetivo maior é promover a independência do nosso paciente queimado para que ele saia de nossa unidade de saúde, realizando suas atividades cotidianas, como as de casa, do trabalho ou da escola”, completou Fabíola.
Principais casos
O coordenador da Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ), Emilton Amaral, ressaltou que a principal causa de queimadura é decorrente do manuseio incorreto de líquidos quentes, como óleo e água, dentro de casa ou no ambiente de trabalho, como restaurantes e padarias. “A exposição à eletricidade e o uso indevido de líquidos inflamáveis, como álcool ou gasolina, também são muito frequentes na unidade”, explicou.
Este foi o caso de Sthefany Soares, 28 anos, que sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus. Ela passou mais de um mês internada e conta que as sessões de fisioterapia foram importantes para sua recuperação. “As meninas me ajudaram a recuperar os meus movimentos, como fiquei muito tempo acamada, perdi alguns deles. Por isso, sou muito grata ao trabalho de toda equipe do Hospital de Trauma pela seriedade em salvar vidas e as fisioterapeutas que me ajudaram a ter qualidade de vida”, agradeceu.
Equipe
A Fisioterapia na UTQ funciona todos os dias e conta com três fisioterapeutas, que se revezam em plantões de 12h. Elas promovem a reabilitação respiratória e motora do paciente queimado.
UTQ
A Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) é referência na Paraíba para casos de queimaduras de qualquer grau. Possui tecnologia de ponta e está apta a atender vários casos ao mesmo tempo. A unidade possui cirurgiões plásticos, anestesistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem que se revezam 24 horas por dia para atender aos 64 municípios paraibanos que pertencem à 1ª macrorregião.