Em agosto de 2024, o Brasil perdeu uma área de 5,65 milhões de hectares para as queimadas, o equivalente ao território inteiro da Paraíba. Os dados, divulgados pelo Monitor do Fogo do MapBiomas, mostram que o país viveu o seu pior cenário desde o início da série histórica, em 2019. Essa área queimada em agosto representa quase metade de todo o território destruído pelo fogo no ano de 2024.
Aumento Alarmante em Relação ao Ano Anterior
Comparando agosto de 2024 com o mesmo mês de 2023, houve um aumento de 149% nas áreas queimadas, um salto de 3,3 milhões de hectares. Grande parte desse aumento ocorreu em áreas de pastagens, que correspondem a um quarto das áreas queimadas, refletindo a intensa pressão do uso do solo para a pecuária.
Queimadas em São Paulo: Impacto Significativo
São Paulo foi um dos estados mais impactados, com 86% das queimadas de 2024 concentradas em agosto. Quase 90% das áreas afetadas no estado eram destinadas à agropecuária, com a cana-de-açúcar sendo o cultivo mais prejudicado. As cidades de Ribeirão Preto, Sertãozinho e Pitangueiras figuraram entre as mais atingidas pelo fogo.
Até o momento, 15 pessoas foram presas sob suspeita de provocarem os incêndios no interior de São Paulo. Desse modo, evidenciando o desafio das autoridades em controlar e punir os responsáveis pelos danos ambientais.
Biomas Mais Afetados
Ao mesmo tempo, os biomas mais impactados pelas queimadas em agosto foram o Cerrado e o Pantanal. No Mato Grosso do Sul, estima-se que as queimadas já tenham atingido 2 milhões de hectares, principalmente no Cerrado, que é extremamente vulnerável durante a estiagem. Esse bioma registrou a maior extensão de queimadas dos últimos seis anos, refletindo também na baixa qualidade do ar em várias cidades do Centro-Oeste.
A Amazônia também sofreu com o fogo, perdendo cerca de 2 milhões de hectares, com destaque para os estados de Mato Grosso e Pará. O único bioma que não registrou aumento nas queimadas foi o Pampa, localizado no Rio Grande do Sul.
Dados das Queimadas por Bioma
Bioma | Área Queimada (hectares) | Estados Mais Afetados |
---|---|---|
Cerrado | 2 milhões | Mato Grosso do Sul |
Pantanal | 1,5 milhões | Mato Grosso, Mato Grosso do Sul |
Amazônia | 2 milhões | Mato Grosso, Pará |
Mata Atlântica | 700 mil | São Paulo |
Caatinga | 350 mil | Bahia, Pernambuco |
Pampa | 0 (sem aumento) | Rio Grande do Sul |
Queimadas e Uso do Solo
Além do impacto ambiental, as queimadas refletem diretamente na economia e na saúde pública, especialmente em áreas de agropecuária. Em São Paulo, por exemplo, a cana-de-açúcar foi o cultivo mais atingido, afetando a produção e a qualidade do ar.
Estado | Área Queimada (hectares) | Principais Cultivos Afetados | Percentual na Agropecuária |
---|---|---|---|
São Paulo | 800 mil | Cana-de-açúcar | 90% |
Mato Grosso do Sul | 2 milhões | Pastagens, soja | 75% |
Mato Grosso | 1,5 milhões | Soja, milho | 80% |
Pará | 500 mil | Pecuária, soja | 85% |
O aumento das queimadas evidencia a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes na prevenção e combate aos incêndios, especialmente nos biomas mais vulneráveis. Com a próxima estação seca se aproximando, é crucial intensificar as medidas de monitoramento e controle para evitar que o cenário se agrave ainda mais. A princípio, a preservação dos biomas brasileiros é essencial não apenas para a biodiversidade, mas também para o equilíbrio climático e a qualidade de vida das populações afetadas.