Brasil resgata mais de 65 mil pessoas de trabalho análogo à escravidão nos últimos 30 anos

RONDON DO PARA, BRAZIL - JUNE 08: A worker hauls a bag of charcoal produced from illegally harvested Amazon rainforest wood onto a truck on June 8, 2012 in Rondon do Para, Brazil. According to a recent Greenpeace study, illegal wood charcoal is primarily used in Brazil to power smelters producing pig iron, which is used to make steel for industries including U.S. auto manufacturing. Illegal charcoal camps were found to sometimes result in slave labor and the destruction of rainforest on protected indigenous lands. Between 2003-2011, 2,700 charcoal camp workers were liberated from conditions akin to slavery, according to Greenpeace. The workers in this photo said they were paid $40 per truckload of charcoal.The Brazilian Amazon, home to 60 percent of the world’s largest forest and 20 percent of the Earth’s oxygen, remains threatened by the rapid development of the country. The area is currently populated by over 20 million people and is challenged by deforestation, agriculture, mining, a governmental dam building spree, illegal land speculation including the occupation of forest reserves and indigenous land and other issues. Over 100 heads of state and tens of thousands of participants and protesters will descend on Rio de Janeiro, Brazil, later this month for the Rio+20 United Nations Conference on Sustainable Development or "Earth Summit". Host Brazil is caught up in its own dilemma between accelerated growth and environmental preservation. The summit aims to overcome years of deadlock over environmental concerns and marks the 20th anniversary of the landmark Earth Summit in Rio in 1992, which delivered the Climate Convention and a host of other promises. Brazil is now the world’s sixth largest economy and is set to host the 2014 World Cup and 2016 Summer Olympics. (Photo by Mario Tama/Getty Images)

Nos últimos 30 anos, o governo federal brasileiro resgatou aproximadamente 65,6 mil pessoas de condições de trabalho análogas à escravidão, por meio de mais de 8,4 mil ações fiscais. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (28) pelo Ministério do Trabalho e refletem os esforços desde 1995, ano em que a existência de formas contemporâneas de escravidão foi oficialmente reconhecida.

Desde 2003, mais de R$ 155 milhões em verbas trabalhistas e rescisórias foram pagos às vítimas. A quantia referente aos anos anteriores não pode ser contabilizada, pois o seguro-desemprego para trabalhadores resgatados foi implementado apenas em 2003.

Continua após a publicidade...

Resultados de 2024 Em 2024, o governo federal, por meio da Inspeção do Trabalho, realizou 1.035 ações fiscais específicas para combater o trabalho análogo à escravidão, resultando no resgate de 2.004 trabalhadores em condições degradantes. No ano anterior, mais de 3,1 mil pessoas foram resgatadas, o maior número registrado nos últimos 14 anos.

As operações de 2024 garantiram o pagamento de R$ 7.061.526,03 em verbas trabalhistas e rescisórias, beneficiando 5.741 trabalhadores, incluindo aqueles cujos direitos foram verificados e assegurados pelos auditores-fiscais do trabalho.

As áreas com maior número de resgates em 2024 foram:

  • Construção de edifícios (293)
  • Cultivo de café (214)
  • Cultivo de cebola (194)
  • Serviço de preparação de terreno, cultivo e colheita (120)
  • Horticultura, exceto morango (84)

Os dados também mostram um aumento significativo no número de trabalhadores resgatados em áreas urbanas, que representaram 30% do total identificado em 2024. No âmbito doméstico, 22 ações fiscais resultaram no resgate de 19 trabalhadores.

O Ministério do Trabalho está desenvolvendo uma agenda específica para trabalhadoras domésticas e mulheres, considerando as vulnerabilidades sociais que elas enfrentam.

Denúncias em Crescimento Um levantamento do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania revelou que 3.430 denúncias foram protocoladas no Disque 100 em 2023, um aumento de 61% em relação ao ano anterior. Em 2024, esse número subiu para 3.959, representando um aumento de 15,4%. As denúncias de trabalho análogo à escravidão corresponderam a 19% do total de violações de direitos humanos registradas.

O Código Penal define trabalho análogo à escravidão como a submissão a trabalhos forçados ou a jornadas exaustivas, em condições degradantes, ou com restrições à locomoção em razão de dívidas com o empregador.

Todo trabalhador resgatado tem direito ao Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado (SDTR), que é pago em três parcelas de um salário-mínimo cada. Além disso, as vítimas são encaminhadas à rede de Assistência Social para acolhimento e direcionamento a políticas públicas adequadas.

⚠️ COMO DENUNCIAR?

Para denunciar trabalho análogo à escravidão, acesse o Sistema Ipê, disponível online. O denunciante não precisa se identificar e deve fornecer o máximo de informações possível para que a fiscalização possa verificar a situação.

Relacionadas

Hugo Motta marca data de votação do projeto da isenção do Imposto de Renda

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou…
Tapiocaria do Irmão Firmino. Foto_ Reprodução Facebook

Incêndio atinge e destrói parcialmente Tapiocaria do Irmão Firmino; veja vídeo

Um incêndio na madrugada desta quarta-feira (24) atingiu a…