Cantor e tatuador paraibano roda o Nordeste de bicicleta em jornada empreendedora e espiritual

Só os mais chegados sabem quem é Caetano. Ou Junior. Contudo, quem acompanha a cena musical de João Pessoa e transita na turma da tatuagem conhece Filosofino. O multi artista paraibano agora saiu em uma jornada empreendedora e espiritual para espantar todo o desgaste mental potencializado pela pandemia em uma verdadeira epopeia percorrendo o Nordeste de bicicleta.

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O cantor, rapper, poeta e tatuador conta que o projeto foi pensado com objetivo de poder mostrar seu trabalho em diversas cidades. Mas, ele não sabia o tamanho do desafio que estava enfrentando. “Não são apenas os quilômetros de estrada que enfrentamos e de questões como alimentação e hospedagem. Tem todo um networking que buscamos virtualmente para poder mostrar nosso trabalho. E a cada cidade é uma recepção diferente, um aprendizado diferente e contato direto com outros universos dentro desse nosso pequeno universo chamado Nordeste”, frisou.

Filosofino também ressalta todas as intercorrências que tem passado em sua jornada. Além de problemas corriqueiros com sua bicicleta como pneus furados, o cantor passou por situações desagradáveis como ter

 

perdido seu celular após se jogar no mar em Itamaracá para salvar sua bicicleta e seus demais equipamentos que estavam afundando em um barco que realizava uma travessia.

Com o incidente, o também tatuador acabou com danos em seu tablet, importante material de trabalho para a produção das artes que se transformam em tatuagem. “Perder o celular e, momentaneamente o tablet, tornou esse projeto praticamente inviável para mim, mas essa jornada também é de autoconhecimento. Através desses

momentos desfavoráveis pude contar com a empatia de muitos e saber que ainda há muita gente que se importa com o próximo”, resume.

Quem é Filosofino?

José Caetano Junior é um jovem paraibano que nasceu na Capital. Desde jovem ele se interessava por música, dando seus primeiros passos em conjuntos musicais da igreja evangélica que frequentava. Com o “rompimento” com a igreja e o mergulho na cena musical pessoense, assumiu o codinome de Filosofino e sua veia rapper. Carregando na pele sua negritude, começou a compor versos que falasse sobre a luta e dificuldade de se viver em um país onde o racismo ainda é estrutural e transpor para sua música uma temática afrofuturista.

Suas incursões musicais o fez lançar dois trabalhos solo e diversas participações e intercâmbios com importantes nomes da música independente brasileira. O reconhecimento do seu trabalho veio com o segundo lugar e o prêmio de melhor intérprete do 3ª Festival de Música da Paraíba, no ano de 2020.

A tatuagem

Seu ingresso no universo da tatuagem foi natural e espontâneo, já que ele estava acostumado a rabiscar

desenhos nos cadernos da escola e sua capacidade de reinventar e aprender o levou a um patamar profissional exemplar. Mesmo no momento da pandemia ele soube se adequar às necessidades dos protocolos sanitários e dentro da sua própria casa construiu seu estúdio para continuar a buscar sua fonte de renda.

Plano de voo

E foi exatamente a pandemia que o atingiu em cheio, assim como milhões (ou até bilhões) de pessoas mundo afora. A pandemia mental que assola o mundo também bateu na porta de Filosofino e, como um pássaro preso em uma gaiola, suscitou no artista a vontade de voar.

Além disso, a escassez de espaços para mostrar sua música e a necessidade de expor seu portfólio de tatuagens mundo afora fez com que a viagem saísse do conjunto das loucuras e entrasse em uma realidade de planejamentos e contatos.

Em boa companhia

E o desafio de rodar o Nordeste de bicicleta não deixou o artista só na empreitada. Ele está acompanhando do ciclo viajante Robson Salles. De acordo com Filosofino, o companheiro de viagem é experiente. “Um coroa massa demais”, resume.

É com Robson que o cantor pega a estrada e faz em cada ‘perna’ pedalada mais de 100 km.

Ajuda

E nessa jornada de autoconhecimento e aprendizado que Filosofino também tem contado com a ajuda de amigos, colegas da música e da tatuagem e admiradores. Esse apoio distante tem vindo de mensagens e contribuições financeiras via pix. E esse apoio tem ajudado o artista a superar adversidades e passo-a-passo conquistar o chão da trilha da sua experiência ciclística, espiritual e empreendedora.

Iniciativa salutar

A gestora de Turismo e Economia Criativa do Sebrae-PB, Regina Amorim, destaca a importância dessa iniciativa para a troca de experiências (networking) e a provocação que o artista faz em conhecer o funcionamento de áreas similares a que ele atua em diferente estados.

“O cantor, rapper, poeta e tatuador paraibano, Caetano Junior é um exemplo de empreendedorismo criativo, que preenche todas essas características da economia criativa. Pensar de forma criativa, possibilita aos empreendedores a inspiração necessária e o caminho mais viável, para melhorar os negócios. A criatividade é um caminho desejável para gerar negócios, dar sentido à vida e chegar aonde quiser, na sua trajetória de artista, com um negócio criativo. Os empreendedores criativos usam a criatividade para gerar a riqueza que se encontra dentro deles. São resilientes e não se deixam atingir pelo medo ou pelas adversidades, mas encaram os problemas como desafios, com planejamento e soluções inovadoras”, frisou.

FONTE: Eliseu Lins

 

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