David Aguilar nasceu com uma condição genética muito rara, a síndrome de Poland, que afeta a região torácica e provoca o subdesenvolvimento ou ausência do músculo peitoral maior de um lado do corpo. Em seu caso, ele não possui o antebraço direito. Mas nem por isso, jamais se sentiu incapacitado ou desmotivado em relação aos desafios da vida. Pelo contrário, desde os nove anos, apesar de sofrer bullying na escola, o menino já desenvolvia sozinho, com peça de montar Lego, próteses para seu braço.
“Lego foi meu primeiro brinquedo quando criança, parecia que você poderia construir uma quantidade infinita de coisas. A imaginação era o único limite!”, relembra.
Desde então, David já construiu diversas próteses. Todas feitas com pequenos blocos. Aos 17 anos, em apenas cinco dias, criou a MK-I, com peças de um modelo de helicóptero. Ele tinha uma articulação móvel na área do cotovelo e uma garra para pegar coisas, que ele ativava dobrando o cotovelo. Era tão resistente, que dava até para fazer flexões se apoiando nela.
Com a divulgação na internet, a história de David e sua prótese MK-I ganhou atenção mundial. A partir daí, o agora estudante de Bioengenharia da Universidade Internacional da Catalunha, em Barcelona, começou a ser convidado a fazer palestras em diversos eventos e participou até de um promovido pela Agência Espacial Americana, a Nasa.
Aos nove anos, com sua primeira prótese
David costuma explicar que o mais difícil na criação das próteses é aliar conforto com funcionalidade. Até hoje, ele já fez cinco delas. “Você não pode usar algo muito desconfortável, mesmo que seja super funcional, e vice-versa”, explica.
O mais recente modelo produzido por David, que ficou conhecido como “Hand Solo”, é o MK-VI, que é motorizado: com seus dedos ele controla a prótese, fazendo movimentos sutis de seu braço residual.
Todavia, o mais bacana disso tudo é que o estudante cria suas próteses não apenas para ele, mas também para outras pessoas com problemas semelhantes. É o caso do pequeno Beknur, de oito anos, que também apresentou problemas no desenvolvimento de seus membros e não possui partes dos braços e nem das pernas.
Depois que apareceu no Guinness World Records, o famoso livro de recordes mundiais, por ter criado a primeira prótese funcional de braço com Lego, os pais de Beknur procuraram David, que topou ajudar o menino.
A mãe de Beknur percorreu então 1.300 km – 13 horas de viagem -, de Strasbourg, na França, até Andorra, onde “Hand Solo” mora, para que o garoto ganhasse sua prótese de Lego. A alegria imensurável do presente você confere no vídeo abaixo:
Além das próteses, David também tem diversos outros projetos, entre eles, dois livros já lançados: um infantil para combater o bullying, em que ele aparece como o personagem principal, e “Pieza a pieza, em que explica como criou seu primeiro braço de Lego.
“Com Beknur, senti uma imensa alegria e felicidade quando o vi movendo a prótese pela primeira vez. Ele estava sorrindo tanto que era contagiante! Sinto que se tiver a sorte de continuar construindo essas próteses, posso ajudar mais crianças e pessoas ao redor do mundo”.