Colo de mãe é abrigo e proteção, especialmente para quem acaba de chegar ao mundo. Mas, para alguns pequenos, essa presença materna não é possível, principalmente após as ondas de pandemia do novo coronavírus. Em apenas cinco meses da primeira onda, 12 recém-nascidos foram impedidos de conviver com sua mãe; na segunda onda, outras 18 crianças perderam o convívio materno também pela Covid-19, sem contar as diversas outras situações de saúde que impediram muitas mulheres de seguir ou iniciar seu caminho na maternidade.
“Sem sombra de dúvidas, o colo e o amor curam. Além de auxiliar no ganho de peso, o “colinho” melhora diversos indicadores, como o tempo de sono, por exemplo, e aprimora a respiração e o funcionamento do interno e do estômago”, defende o deputado estadual e médico, Taciano Diniz, autor do Projeto de Lei 3.328, que institui o projeto “Hora do Colinho” em todo o estado da Paraíba.
Aprovada pela Assembleia Legislativa da Paraíba, no último mês de dezembro e sancionada pelo governador João Azevêdo no final da semana passada, a iniciativa é pioneira no país, sendo a Paraíba o primeiro estado a aprovar o projeto.
Exemplo a ser seguido
Seguindo os passos paraibanos, a proposta está em tramitação em diversos outros estados, e exemplo do Mato Grosso. O Ministério da Saúde também vem estudando a viabilização do projeto via Sistema Único de Sade (SUS). “Por isso, esse projeto é tão importante para a saúde paraibana e para a família, que não contará mais com a força da presença materna. Esse projeto tem como propósito tornar o atendimento a essas crianças ainda mais humanizado, reduzindo o estresse e as sensações de eventuais dores”, defendeu o deputado.
O PL do deputado Taciano é uma expansão do “hora do colinho”, implantado pela enfermeira Mariluce Ribeiro, na Maternidade Frei Damião, referência em atendimento de Covid-19, em João Pessoa. A ideia surgiu em abril de 2020, após a profissional, que é coordenadora do Centro Obstétrico da instituição, perceber que o “choro” constante dos bebês isolados em UTI, estava relacionado à ausência das mães. “A iniciativa já existe, e o projeto de nossa autoria vem com a proposta de tornar a atuação ainda maior. É a Paraíba, mais uma vez, saindo na frente e sendo referência para todo o Brasil”, finalizou Taciano Diniz, ao comemorar a aprovação do projeto pela ALPB.
O projeto
Conforme o parlamentar, o projeto será implementado por meio do Protocolo Operacional Padrão (POP), oferecido pela equipe multiprofissional dos hospitais, treinados e cadastrados no projeto pelas unidades hospitalares.
A proposta orienta, ainda, que o governo estadual faça convênio com os municípios para a efetivação do POP, ampliando a abrangência para a rede municipal de saúde. Além de capacitação, essas unidades poderão criar uma sala específica, tecnicamente preparada e apta com ambiente silencioso, acolhedor e confortável para a recepção dos bebês recém-nascidos.
Os estabelecimentos de saúde que adotarem o projeto poderão firmar convênios público-privados locais, nacionais ou internacionais de capacitação, treinamento, divulgação, publicidade e cooperação técnica, pertinente ao uso do protocolo.