Na pequena Paraíba a política tem vida e regras próprias…
Mas esta província não é uma ilha e segue a bipolaridade da política partidária nacional, com movimentos dignos de ilusionismo.
Poucas coisas se comparam, por exemplo, a trajetória do PT local.
Em um passado não tão distante, as hostes vermelhas fecharam as portas ao fulminante político Ricardo Coutinho para lançar Avenzoar Arruda candidato, mesmo com Coutinho sendo favoritíssimo a eleição municipal e o oponente interno um mero traço nas intenções de pesquisa.
Nada novo, afinal, quando não tem racha no PT paraibano?
Fato é que, o ex-governador, chegou com aval da direção estadual e reconhecimento a postura mantida durante a prisão do ex-presidente Lula, quando se manteve fiel nas horas difíceis.
E isso é o de menos no PT local…
O que dizer do discurso do presidente estadual, Jackson Macedo, em exaltar a lealdade de Luciano Cartaxo, outro de volta aos quadros da estrela vermelha??
Logo ele, o ex-prefeito de João Pessoa, aquele que saiu à francesa, deu um verdadeiro zig nau nos petistas no momento mais crítico das 4 décadas de existência do PT, com Lula, seu maior líder preso, Dilma impedida, demonização sincronizada via mídia, achincalhe público e tudo o mais…
E Luciano, literalmente, pulando do barco…
Para arrematar tem a defesa desta mesma cúpula do PT paraibano de apoio local a Veneziano Vital do Rego para governador.
Veneziano, que integra o MDB, maior artífice e beneficiário direto do golpe contra Dilma, sendo ele próprio um votante pela cassação da ex-presidente!?!?
A mesma ala do PT que acusa o governador João Azevedo de direitista (mesmo este sempre verbalizando apoio incondicional ao líder Lula), apóia um contumaz político da direita brasileira na cabeça de chapa!
Por falar no governador, ele também seguiu o movimento das águas político-partidárias.
Pegando a maré vazante retorna ao berço original do PSB.
Se teve que sair forçado da base socialista após a cisão com Ricardo Coutinho, agora retorna com pompas e robustecendo a legenda esvaziada, exatamente, após sua saída para o Cidadania.
O antigo PPS, por sinal, tende a voltar a original baixa densidade eleitoral na Paraíba, tal qual antes da adesão do governador e filiação a reboque de centenas de políticos com mandatos, entre prefeitos, vereadores, deputados etc…
O Cidadania vai compor nacionalmente com o PSDB e, naturalmente, replicar o acordo de cima aqui na Paraíba, conforme determina a tal federação.
Aqui, o tucanato já tem anunciada a pré-candidatura de Pedro Cunha Lima, seguindo o reinado histórico do clã, já na terceira geração entre governadores e o agora postulante.
Uma coisa é inegável, em um cenário quase endêmico brasileiro de dança das cadeiras entre partidos, os Cunha Lima mantêm-se coerentes quanto ao abrigo partidário, afinal, desde o estrepitoso racha do PMDB estadual na polêmica convenção de 98 (quando perderam a queda de braço interna com Maranhão), a família migrou para o PSDB e lá fincou morada.
No outro extremo, pela primeira vez na história quem deve mudar de partido, é a família Paulino.
A confirmação da pré-candidatura de Veneziano ao governo do Estado, forçosamente, empurra a tradicional família guarabirense para fora do MDB, após mais de cinco décadas.
Não dá para falar de esquizofrenia partidária na Paraíba sem mencionar seu expoente máximo, o PDT, o reino dos Felicianos.
Em termos políticos, o espírito mercador de Damião fala bem mais alto que o coração, se é que me entendem. As negociações estão sempre abertas.
A vice governador Lígia Feliciano mais uma vez ensaia uma candidatura natimorta ao governo. Balão de ensaio para barganhar algo menor.
Quem também “mira no gato para acertar o rato” é o Progressistas, do não menos hábil negociador, Aguinaldo Ribeiro.
A senadora Daniela, irmã do líder estadual da legenda, estaria anunciando a interlocutores desejo de se candidatar ao governo da Paraíba, mas o aceno tem “cheiro e gosto” de picolé de chuchu. A mesma decantada estratégia de deixar nome aceso e demarcar espaço na composição de alguma chapa.
Quem está mais que garantido na corrida ao governo da Paraíba é o apresentador Nilvan Ferreira, convicto que a moral raivosa e duvidosa que brada na TV vai convencer os paraibanos.
Em apenas duas eleições esta será o segundo partido de Nilvan, que deixou as hostes emedebistas para ingressar no PTB.
Nesta onda de outsider que tomou conta da política nacional, tem também pastor com um olho no dízimo, outro no “auxílio paletó”.
Estreando na política partidária, Sérgio Queiroz, comandante de império evangélico, que tem nome e pretensão de Cidade, está de corpo e alma no páreo.
Ex-integrante do governo, mas ainda bolsonarista convicto, Sérgio Queiroz ingressou no PRTB, do finado Levy Fidelix e seu aerotrem, e do não menos folclórico vice-presidente Mourão. Muito bem acompanhado.
Quem também dará palanque e sustentação a Bolsonaro na Paraíba, é o PL de Welinton Roberto.
A legenda tenta emplacar o caçula na disputa ao Senado.
A questão é quem vai levar a melhor na briga pelo apoio bolsonarista na disputa senatória. Afinal, tem apenas uma vaga em disputa.
Estes são os principais movimentos das peças no tabuleiro político paraibano.
Ademais é adereço.
Marcos Thomaz