Em plena Semana da Consciência Negra, STJD passa pano pro racismo e devolve pontos a time punido por ato criminoso

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva deu uma verdadeira passada de pano para o racismo em plena Semana da Consciência Negra e devolveu os pontos do Brusque, que tinha sido punido no dia 24 de setembro com a perda de três pontos, mais R$ 60 mil de multa pelo caso de injúria racial ao meia Celsinho, do Londrina, praticada pelo conselheiro Júlio Antônio Petermann, que foi suspenso por 360 dias e multado em R$ 30 mil.

No julgamento realizado nesta quinta-feira (18), os desembargadores devolveram os pontos em decisão por maioria. Um fato triste e histórico contra a luta pelo fim do racismo dentro do futebol.

O que chamou atenção no julgamento foi relatado pelo desembargador Ivo Amaral. Ele destacou o fato de que nenhum dos representantes do clube julgado não ter cumprimentado o atleta que foi vítima de racismo no momento da reunião.

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O Brusque tinha sido enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) por “praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito”.

O texto diz que “caso a infração prevista neste artigo seja praticada simultaneamente por considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade de prática desportiva, esta também será punida com a perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente”.

A defesa absurda

Celsinho denunciou o caso de racismo e apontou o culpado, o dirigente do clube. O árbitro relatou parte da denúncia na súmula, Celsinho fez o que, nessa situação, deveria fazer. Fez o que não deveria precisar fazer porque ele não deveria sequer passar por essa situação.

O Brusque demorou um dia inteiro para se manifestar e só veio a público na noite de domingo (29) “falar” sobre o caso. A nota publicada pelo clube é, talvez, a coisa mais absurda que um clube poderia fazer quando um dirigente, um atleta, um membro da comissão técnica, qualquer ser humano que carregue o escudo do clube pratique o crime de racismo.

O clube catarinense acusa o atleta de mentir. O Brusque acusa Celsinho, a vítima, de ser “reincidente”. Isso mesmo, o time acusou o jogador do Londrina de ser uma vítima reincidente. O absurdo é tamanho que a diretoria conseguiu piorar ainda mais – se é que isso é possível. “Racismo é algo grave e não pode ser tratado como um artificio esportivo, nem, tampouco, com oportunismo”, diz a última frase de uma nota abjeta.

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