Um escândalo envolvendo o desvio de recursos do Hospital Padre Zé e da Ação Social Arquidiocesana (ASA), duas instituições filantrópicas da Arquidiocese da Paraíba, levou à Justiça determinar a prisão do padre Egídio de Carvalho Neto e das ex-funcionárias Jannyne Dantas e Amanda Duarte, nesta sexta-feira (17). A decisão foi do desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça da Paraíba, que acatou o recurso do Ministério Público da Paraíba (MPPB), por meio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
O trio foi alvo da “Operação Indignus”, realizada no mês passado pelo Gaeco e pela Polícia Civil, que integram a Força-Tarefa criada para investigar o caso. A operação revelou indícios de que o padre Egídio, que era o responsável pelas duas entidades até pouco tempo, teria se beneficiado de forma ilícita dos recursos destinados à assistência social e à saúde dos mais pobres. Segundo o Gaeco, o padre Egídio teria uma vida luxuosa, com imóveis de alto padrão, vinhos caros, obras sacras e eletrodomésticos de primeira linha.
A investigação apontou ainda que haveria uma confusão patrimonial entre os bens das instituições e os do padre Egídio, que teria adquirido vários imóveis sem comprovar a origem dos recursos. Além disso, o padre e as ex-funcionárias são suspeitos de praticar os crimes de organização criminosa, lavagem de capitais, peculato e falsificação de documentos públicos e privados.
O caso veio à tona após a denúncia do sumiço de celulares doados ao Hospital Padre Zé pela Receita Federal do Brasil. Os aparelhos seriam leiloados para arrecadar fundos para a manutenção da instituição de saúde, mas teriam sido desviados pelo padre e pelas ex-funcionárias. Um funcionário do hospital, chamado Samuel Rodrigues, chegou a ser preso, mas conseguiu a liberdade mediante o cumprimento de medidas cautelares. Ele tentou fazer um acordo de delação premiada, mas não foi aceito pelo MPPB.
O Hospital Padre Zé e a ASA são duas instituições que prestam serviços sociais e de saúde à população carente da Paraíba, especialmente aos portadores de hanseníase e tuberculose. O escândalo envolvendo o desvio de recursos dessas entidades causou indignação e revolta na sociedade paraibana, que espera que a Justiça seja feita e que os responsáveis sejam punidos.