Um estudo realizado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) evidencia que o uso indiscriminado de ivermectina pode ser o responsável pelo surto de coceira registrado no Grande Recife nos últimos dias.
De acordo com o artigo, o abuso do remédio pode ter desenvolvido uma superresistência de um ácaro causador da sarna humana – também conhecida como escabiose.
O estudo, divulgado no site da UFAL partiu da observação de casos de resistência à ivermectina já relatados, surtos isolados e os dados de aumento de consumo do medicamento por causa da pandemia de Covid-19.
Comprovadamente ineficaz para o tratamento de pessoas com Covid, a ivermectina integrou o “Kit Covid”, indicado por muitos médicos e planos de saúde, além do Ministério da Saúde.
Em Pernambuco, já são 12 cidades com notificações de casos de lesões na pele que provocam coceira. A maior parte dos registros da doença, cuja causa ainda segue desconhecida, concentra-se no Recife: são 176 pessoas com “lesões cutâneas a esclarecer”, em 35 bairros.
Embora o surto ainda não tenha causa confirmada, a pesquisa da UFAL ressalta que o Sarcoptes scabiei, ácaro causador de sintomas similares aos registrados, pode ter desenvolvido resistência à ivermectina.
Ainda são necessários mais testes e descarte de hipóteses sobre o que ocorre no estado para confirmação das questões levantadas no artigo, que é assinado pelos pesquisadores Sabrina Neves, Alfredo Oliveira-Filho e dos estudantes estudantes Lucas Bezerra e Natália Alves.
Do Jornal do Comércio