Estudo escancara diferença salarial entre negros e brancos no Brasil

O Brasil deu passos significativos em busca de igualdade racial, mas o caminho ainda é longo. Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado no Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), revelou a persistente disparidade de rendimentos entre negros e não negros no país.

Segundo o levantamento, mesmo com avanços como a Lei das Cotas, os trabalhadores negros continuam enfrentando barreiras significativas no mercado de trabalho, especialmente em termos salariais e acesso a cargos de liderança.

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Principais Dados do Estudo

Indicador Negros Não Negros Diferença (%)
Rendimento médio mensal R$ 1.943 R$ 3.238 -40%
Rendimento com ensino superior Até 32% menor
Perda acumulada na vida laboral (ens. superior) R$ 1,1 milhão
Proporção em cargos de liderança 1 em 48 homens negros 1 em 18 não negros -62%
Representação em profissões mais bem pagas 27% 73%

Desigualdade e Gênero

As mulheres negras enfrentam desafios ainda mais profundos. De acordo com o estudo:

  • 1 em cada 6 mulheres negras trabalha como empregada doméstica.
  • O rendimento médio dessas trabalhadoras sem carteira assinada é R$ 461 menor que o salário mínimo.

Zilma Fontes, uma pernambucana que atualmente trabalha como diarista em São Paulo, relatou as dificuldades da instabilidade financeira:

“Além de ganhar menos como diarista, é um trabalho muito instável. Com os benefícios de uma carteira assinada, você não fica sem receber.”

Análise e Reflexão

A supervisora técnica do Dieese na Bahia, Ana Georgina Dias, destacou que, apesar de avanços, a desigualdade persiste, sobretudo entre as mulheres negras. Segundo ela:

“Há uma lacuna muito grande que demanda ainda muito tempo para que, de fato, as desigualdades diminuam.”

Com 57% da população brasileira sendo composta por negros, segundo o IBGE, e essa parcela representando 55% dos trabalhadores ocupados, as desigualdades expostas pelo estudo são alarmantes.

O estudo do Dieese evidencia como as desigualdades raciais ainda são uma realidade marcante no Brasil. Políticas reparatórias e ações afirmativas, como a Lei das Cotas, são fundamentais, mas a efetiva redução dessas disparidades exige esforços contínuos e estruturais.

Enquanto o debate sobre equidade racial avança, dados como esses reforçam a necessidade de mudanças no mercado de trabalho e na sociedade como um todo. A luta por igualdade não é apenas uma questão de justiça, mas um passo indispensável para o desenvolvimento do país.

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