Nada é mais moderno do que essa era do cancelamento. Quem acompanha minimamente o mundo, do entretenimento à política, vive cotidianamente a arte de cancelar alguém por alguma asneira que fala, uma atitude criminosa e expondo tudo aquilo que Umberto Eco conceitua primorosamente numa frase: “as redes sociais deu voz aos imbecis”.
Pois bem. Este fato não ocorreu em uma rede social e sim na famigerada Rede Globo, canal aberto, em pleno jornal da Manhã da TV Bahia, afiliada baiana da emissora dos Marinhos. Convidado para entrar ao vivo para celebrar o nesta terça-feira (13) o Dia Mundial do Rock, o baiano Marcelo Nova, cantor conhecido por comandar a banda Camisa Vênus e, no final dos anos 80, reavivar os últimos dias da vida e carreira de Raul Seixas com direito a álbum e turnê, surpreendeu a todos que assistiam ao fazer um discurso negacionista, atacando as medidas de segurança contra a Covid-19, como isolamento social e uso de máscaras, além de alegar que a mídia implantou pânico na população.
“Para um sujeito como eu, prestes a fazer 70 anos de idade e com 40 anos de carreira, isso não serve pra mim. Eu fiz minhas regras, eu faço meu caminho, eu não deixo que governadores nem prefeitos, nem presidentes, ninguém manda em Marcelão! (risos)”, disse o músico, criticando as políticas implementadas para conter a pandemia.
“Não me submeto”
Questionado sobre a produção artística durante a quarentena, ele voltou a disparar. “Isolamento parcial, porque eu não me submeto a esses ditames do ‘fica em casa, fica em casa, não saia, não se aproxime’. Eu beijo quem eu quero, eu abraço quem eu quero… E eu vou morrer, se não morrer de Covid, vou morrer de câncer, atropelado, assassinado, de zika, chikungunya, essas coisas…”, disse Nova, minimizando a gravidade da emergência sanitária.
E continuou: “Eu vou acabar morrendo do mesmo jeito. Todos nós deveríamos, penso eu – me corrija se eu estiver errado -, nós deveríamos amar a vida, o fato de estar vivo, porque respirar não é viver. Tem gente aí respirando que tá morto. Viver é ter prazer na vida, é ir em busca do que você gosta, é assumir seus compromissos, é poder honrá-los”, acrescentou o artista, afirmando que “graças a medidas governamentais” está há um ano e meio sem poder trabalhar.
Com o Bahia Notícias