O ineficaz cerco contra a violência nos estádios e mais um triste capítulo em CG

Proibição de bandeiras em São Paulo, clássicos de torcida única, extinção artificial de torcidas organizadas, veto a venda de bebidas alcoólicas…

Há mais de 20 anos o Brasil adota medidas inócuas contra a violência nos estádios.

Sempre buscando caminhos radicais, restritivos em larga escala e sem qualquer resultado prático na melhoria dos índices.

Ao contrário…

Apenas este ano quase uma dezena de situações extremas foram registradas.
Uma delas aqui na Paraíba, neste último final de semana, com tiro disparado dentro do estádio Presidente Vargas, em Campina Grande na partida entre TrezexNacional de Patos. O disparo teria sido feito da torcida do time sertanejo em direção aos torcedores trezeanos atingindo um rapaz no braço de raspão.

E este é um dos exemplos de violência semanal.

De invasão a campo com registro de arma encontrada em partida de juniores, ônibus atingido por bomba pela própria torcida, clássico adiado em cima da hora por emboscada a delegação rival, até a fatalidade da morte de torcedor em confronto seis horas antes do clássico mineiro entre AtléticoxCruzeiro também neste domingo, assim como o episódio campinense.

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O problema é real, grave e, diferente do que querem imputar os detratores, nada relativo a alguma natureza podre do esporte, apenas reflexo de uma sociedade violenta.

Contudo, está mais que claro também que o método de combate continua a falhar. Ministério Público só pensa em proibições.

A medida inicial é sempre propor restrições drásticas, independente da análise nula de resultados efetivos, ou que as tais medidas impliquem apenas em tolher direitos (restrição de presença de público A, B, C ou D em diversas ocasiões), exterminar símbolos culturais (festas nos estádios com cores, luzes etc), criminalizar rivalidade sadia (torcedores comuns que freqüentam estádios em clássicos), asfixiar economias paralelas em torno do jogo (bares etc).

E adianta?

Fazem jogo de torcida única, mas os rivais se digladiam a quilômetros de distância das praças esportivas.
Proíbem sinalização de símbolos de organizadas e os torcedores vão camuflados, mais difíceis ainda de serem identificados.

Vetam bebida alcoólica dentro do estádio, mas não tem como controlar o acesso deste torcedor embriagado. O consumo é escancarado no entorno até o portão de entrada. Torcedores consomem exagerada e rapidamente e já entram “calibrados”, alterados. Ainda se deparam com frustração de não ter consumo lá dentro.

Tem Procurador do MP que parece viver a sombra de tragédias no futebol. É a parte futebolística da espetacularização do judiciário. Dessa forma, vivem em torno desse holofote do caos.

E a justiça, esta que, historicamente, no campo de jogo, nas ruas, ou em qualquer viela, não pune, não condena, dá salvo conduto aos infratores em geral e deixa todos a mercê da violência de alguns, ou sujeitos as vedações gerais.

É um mosaico infindável de equívocos por parte dos que cabem “fiscalizar” as manifestações esportivas e garantir segurança.

Obviamente, não estou minimizando, ou desprezando a necessidade de ações efetivas contra bandidos travestidos de torcedores, organizações criminosas com fachada de torcida organizada, ou o que for.
Mas que elas existam contra os reais infratores, que atrapalham a festa e cultura do futebol.
Não, paliativos, jogo de cena, ação midiática, demagogia e demonização do esporte.
Em resumo, o futebol brasileiro tem diversos e urgentes problemas na sua própria condução pelos que o dirigem, mas que os órgãos paralelos ajam dentro de suas áreas para somar, resolver gargalos e não transformar em palanque eletrônico, ou simplesmente atrapalhar.

Por Marcos Thomaz

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