Um levantamento feito pela Quaest Pesquisa mostra que o episódio Maurício Souza rendeu 15 milhões de posts no Instagram, Twitter, Facebook em uma semana. 70% condenavam as declarações homofóbicas do jogador e defendiam sua punição.
O episódio envolvendo Maurício Souza é significativo porque as opiniões do jogador sobre um personagem bissexual fictício não têm a menor importância, mas este foi o caso mais comentado na semana que o que o presidente da República afirmou que vacinas contra Covid causam Aids.
O 70% a 30% foi a maior derrota do bolsonarismo ns redes desde 2018. Um dos efeitos do surgimento de Bolsonaro foi tirar do armário e naturalizar uma série de opiniões misóginas, homofóbicas, racistas e xenófobas.
Nas últimas eleições, declarações como as de Maurício Souza de hoje seriam esquecidas em trinta minutos. Em setembro de 2018, quando os movimentos feministas organizaram um protesto com o slogan “Ele Não”, o efeito nas pesquisas foi o aumento das intenções de voto em Bolsonaro.
No sábado, Eduardo Bolsonaro lançou uma campanha para que o jogador chegasse a 2 milhões de seguidores no Instagram. Chegou a 2,1 milhões hoje, mas é um resultado vazio. Maurício segue demitido e as imagens das patrocinadoras Fiat e da Gerdau melhoraram no episódio.
O bolsonarismo segue forte, mas o espírito do tempo está mudando. O apresentador Sikera Jr perdeu o programa de TV depois de chamar gays de “raça desgraçada” e mesmo Bolsonaro teve de recuar da declaração de que vacina causa aids, depois que o Youtube o tirou do ar.
O bolsonarismo perdeu o poder de intimidação em temas onde tinha empurrado os progressistas contra a parede, como o comportamento. Isso terá efeito na campanha eleitoral. Com a economia em frangalhos, o discurso dos valores da família será um dos eixos da campanha bolsonarista.
Na esteira do caso Mauricio Souza, os bolsonaristas voltaram atacar o PT pelas pautas feministas e o governador Eduardo Leite por ser homossexual. Não vão parar, mas estão mais fracos.
Da Revista Veja