A palma forrageira é uma planta que se adapta bem às condições climáticas do semiárido brasileiro e que tem um alto valor nutritivo para os animais, principalmente bovinos e caprinos. Por isso, ela é considerada uma cultura estratégica para a região, que sofre com a escassez de água e de outras forragens. No entanto, o cultivo da palma ainda enfrenta alguns desafios, como o alto custo de produção, a baixa produtividade e a suscetibilidade a pragas e doenças.
Uma das alternativas que vem sendo estudada para superar esses problemas é o pastejo direto da palma, que consiste em deixar os animais se alimentarem diretamente na plantação, sem a necessidade de colher, transportar e processar a planta. Essa prática pode trazer diversos benefícios, como a redução dos custos financeiros com a alimentação animal, o aumento da eficiência na utilização da palma, a melhoria da qualidade do solo e a diminuição do impacto ambiental.
No entanto, o pastejo direto da palma ainda é pouco conhecido e utilizado pelos produtores rurais, principalmente por falta de informações técnicas e científicas sobre esse tipo de manejo. Por isso, a Sudene, em articulação com o Governo da Paraíba, está avaliando a formatação de uma estratégia voltada para o pastejo direto da palma, que visa fomentar o desenvolvimento tecnológico e a difusão de conhecimentos sobre essa prática, beneficiando especialmente o pequeno produtor, mas também os médios e grandes.
Para isso, a Sudene conta com o apoio de diversos parceiros, como o sistema FAEPA/SENAR-PB, o Instituto do Semiárido (INSA), o Banco do Nordeste e as Universidades de Campina Grande e da Paraíba, além do especialista na cultura de palma forrageira, Alberto Suassuna. A iniciativa faz parte do Programa InovaPalma, lançado pela Autarquia no início do mês passado, que tem o objetivo de investir R$ 7,5 milhões na expansão, qualificação, pesquisa e desenvolvimento de ações voltadas para a palma forrageira.
A primeira reunião para tratar do assunto aconteceu em João Pessoa, onde foram discutidos os principais desafios e oportunidades do pastejo direto da palma. Um dos desdobramentos da reunião foi a visita técnica ao município de Taperoá (PB) para conhecer experiências relacionadas ao plantio adensado e pastejo direto. A Sudene esteve representada por Mauro Póvoas, engenheiro agrônomo, que defende o pastejo direto por ser “a forma mais econômica para produzir carne e queijo”. Ele cita o exemplo da Nova Zelândia, que utiliza esse método e “vende o leite mais barato do mundo”.
O secretário do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca da Paraíba, Joaquim Hugo Vieira Carneiro, destaca a importância dessa contribuição que pode ser dada pela Sudene, uma vez que “tudo que se tem hoje sobre o pastejo direto é de forma empírica”. Ele enfatiza a necessidade de criar um protocolo que estabeleça, entre outras regras, a forma de preparo do solo, a altura das forragens, a complementação, a rotação ideal de pastagem e a carga animal. Ele também cita a necessidade de apostar no melhoramento genético, desenvolvendo novas variedades que se adaptem aos diferentes tipos de solo.
O engenheiro agrônomo da Sudene, Aildo Sabino, explica que o papel da Autarquia é “fomentar o desenvolvimento tecnológico para esse tipo de manejo, além de levantar informações sobre os aspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientais do pastejo direto da palma forrageira”. Ele afirma que o programa InovaPalma vai apoiar projetos de pesquisa e extensão que possam gerar conhecimentos e tecnologias para o aprimoramento dessa prática, que pode ser uma alternativa viável e sustentável para o semiárido.