Se você sempre se sentiu terrível por ser obrigado a acordar cedo, queremos lhe oferecer um ombro amigo: você não está só. Segundo o doutor Paul Kelley, pesquisador honorário do Instituto de Neurociência Circadiana e do Sono da Universidade de Oxford, isso é uma realidade coletiva que precisa ser transformada. Dr. Kelley acredita que, da infância à idade adulta (até os 55 anos), sofremos conjuntamente com a obrigatoriedade de cumprir afazeres a partir das 9 horas da manhã, o que resulta em uma sociedade privada de sono. Ele defende que esse estado de privação constante é comparável a uma tortura. Performance, humor e saúde – mental e física – seriam afetados.
Em pesquisa publicada pelo Departamento de Neurociências Clínicas Nuffield no periódico intitulado Learning, Media and Technology (“aprendizado, mídia e tecnologia), o pesquisador aborda questões relacionadas ao tal “relógio biológico” do ser humano, ilustrado por um estudo feito com adolescentes. Segundo o Huffington Post UK, a pesquisa realizada indica que crianças e adolescentes não estão completamente aptos para o aprendizado se acordam antes das 8h30 da manhã, e que acordar mais tarde poderia melhorar seus resultados em cerca de 10%. Quando era um dos professores principais na escola de ensino médio Monkseaton, na região de Tyneside, Dr. Kelley fez o experimento: mudou o horário de início das aulas para 10 horas da manhã e constatou uma elevação de 19% nas notas dos estudantes da escola.
A mesma questão vale para quem trabalha. Segundo Kelley, pessoas com até 55 anos de idade precisam começar o dia a partir do horário mencionado. Estudar ou trabalhar antes das 10 horas da manhã levaria a problemas de saúde e performance, além de possivelmente gerar estresse , ansiedade, agressividade. O pesquisador afirma que não podemos mudar nossos ritmos biológicos, nossos ciclos de 24 horas. “Quando você chega aos 20, 19 ou 18 anos, está acordando e indo dormir até três horas mais tarde do que na infância e adolescência. É natural e incontrolável no sentido de que você não consegue mudar isso”, explica o estudioso. Kelley afirma que não se pode ensinar ao corpo a acordar mais cedo, simplesmente, pois o ritmo circadiano se daria de forma inconsciente, e o acordar natural seria o resultado da comunicação entre estímulos causados pela luz solar diretamente com o hipotálamo.
Esse assunto é de grande importância para Dr. Paul Kelley, que acredita ser um problema internacional. “Trabalhores geralmente são privados de sono. Temos uma sociedade inteira sofrendo dessa privação. Isso causa danos extremos aos sistemas corporais porque afeta suas performances físiológicas e emocionais”, afirma. É sabido que a privação de sono em estado crônico pode causar diabetes tipo 2, obesidade, doenças cardiovasculares e alta pressão arterial. Kelley defende um movimento geral da sociedade no sentido de mudar os horários de trabalho e estudos.
Do Administradores.com.br