Primeiro veio o vírus, apesar de existir há décadas, uma nova variante identificada colocou a covid-19 (ou novo coronavírus) no epicentro do mundo em uma situação pandêmica jamais vista pelas gerações dos milenialls, X, Z Y, nossos pais, avós e até quem já está batendo na porta do centenário. Apenas quem viveu há mais de 100 anos passou por isso com a gripe espanhola, mas naquela época todo mundo tinha mesmo medo de morrer e ficar em casa era única saída.
Mas, nos tempos modernos, a juventude, o negacionismo e todas as variantes da ignorância reinante em um mundo onde as fakenews e o conservadorismo exdrúxulo insistem em duvidar do óbvio e isso tem feito com que essa parte da população jogue a favor dos estragos desse momento em que estamos passando.
Falo isso porque a palavra de ordem que mais tem dado calafrios em cientistas e estudiosos desse trágico momento tem sido a variante. Ela nada mais é do que a mutação do vírus, ficando mais agressivo, transmissível e mortal. E isso só ocorre por conta da circulação da covid-19, que passa de organismo pra organismo mudando de acordo com o que encontra de estrago e situação dentro de cada um. Quem já pegou covid mesmo é um agente ativo desse processo.
A mais nova variante da vez é a Delta, originária da Índia, e que é 97% mais transmissível que a primeira versão do novo coronavírus. Em entrevista à CNN Brasil, o chefe da Infectologia da Unesp e consultor para Covid-19 da Associação Médica Brasileira e da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Naime Barbosa, explicou esta capacidade maior de ser passado de uma pessoa para outra também é presenciado na P.1, que surgiu na região amazônica brasileira, 37% mais transmissível, e justifica os surtos da doença em ambos os países.“A Delta foi reportada num estudo desta semana da OMS [Organização Mundial da Saúde], e ela é 97% mais transmissível do que o vírus original, do que o vírus selvagem que causou a pandemia. A variante Gama [P.1, do Brasil], é 38% [mais transmissível], para vocês terem uma ideia”, declarou.
O pesquisador alerta para o perigo do surgimento de novas variantes, que nascem a partir da contaminação cada vez maior e de pessoas de lugares diferentes do mundo. Ele cita como exemplo a variante Beta, detectada na África, que quase não responde à imunização da vacina de Oxford/Astrazeneca.
“Podem colocar em risco a eficácia da vacina e o maior exemplo é a variante Beta, da África do Sul, que especificamente a resposta da vacina Oxford / AstraZeneca, acaba sendo desastrosa. Nós temos a resposta para o vírus original em torno de 60, 70% — uma boa eficácia –, mas quando esta vacina é desafiada pelo vírus Beta, essa resposta cai para apenas 10%”, ressalta.
No Brasil, contudo, as variantes que mais circulam não são capazes de escapar das vacinas aqui aplicadas, como CoronaVac, Pfizer e de Oxford.
“Aparentemente, para as variantes Gama e Delta, não houve grande impacto pelo pull de vacina que estamos usando, elas respondem bem”, diz.
Com o jornal A Tarde