Vivemos um tempo sombrio onde o conservadorismo trouxe um ar fétido de ignorância, preconceito e atrocidade. Coisas que jamais poderíamos imaginar agora podem estar nos pensamentos, discurso e até nas “orações” de políticos, familiares e vizinhos. Exaltar o golpe militar é um ato vil de quem bate palma para tortura, morte e intolerância.
E foi exatamente essa atitude que o Ministério da Defesa fez ao divulgar um texto, no qual afirma que o golpe militar de 1964, gerou um “fortalecimento da democracia”.
Assinado pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, e pelos comandantes de Exército, Marinha e Força Aérea, o documento traz um repertório de inverdades ao falar de paz, estabilidade e ascensão do Brasil.
“Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional”, diz trecho do material divulgado.
E continua: O golpe é “um marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”.
Eleições
Contudo, vale lembrar que este foi o último ato do militar de Braga Netto como chefe da pasta. Ele deixa o cargo nesta quinta-feira (31) para figurar como opção de candidato a vice do presidente Jair Bolsonaro (PL) no pleito deste ano.
O que foi o golpe
A princípio, o golpe de Estado no Brasil em 1964 foi a deposição do então presidente brasileiro João Goulart. O ato marcou o início da ditadura militar no país — que se estendeu por 21 anos. O sistema impunha censura sobre a produção cultural e intelectual do país. O Congresso Nacional também foi fechado.
Dados da Comissão da Verdade revelam que 434 brasileiros foram mortos ou “desaparecidos” entre o período da ditadura militar. Além disso, estima-se que 50 mil pessoas foram presas, mais oito mil índios assassinados e 20 mil pessoas torturadas.
Por outro lado, há quem defenda esse período nefasto da história do Brasil. O próprio presidente Bolsonaro homenageou o coronel Ustra, apontado com um dos maiores torturadores do regime militar.
Dessa forma, como bem diz Leandro Karnal, não há como ter humanidade e cristianismo com quem concorda com tortura. Em suma, ditadura nunca mais!