Uma mudança significativa está prestes a ocorrer no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023: o tradicional teste citopatológico, conhecido como papanicolau, será gradualmente substituído pelo exame molecular de DNA-HPV. Essa nova abordagem promete não apenas aumentar a eficácia no rastreamento do câncer do colo do útero, mas também facilitar a vida das mulheres ao ampliar o intervalo entre as coletas.
O Que Muda com a Nova Diretriz?
A partir deste ano, o exame de DNA-HPV será o teste primário recomendado para a detecção do papilomavírus humano (HPV), responsável por mais de 99% dos casos de câncer do colo do útero. O intervalo entre as coletas, quando não houver diagnóstico do vírus, passará a ser de cinco anos, proporcionando maior comodidade para as pacientes. A faixa etária para o rastreio permanece a mesma: mulheres entre 25 e 49 anos.
Vantagens do Exame de DNA-HPV
O teste molecular é considerado mais eficaz para a redução de casos e óbitos relacionados ao câncer do colo do útero, devido à sua maior sensibilidade. Além disso, ele permite identificar o subtipo do vírus, o que é crucial, pois apenas algumas variantes têm risco de provocar lesões que podem evoluir para câncer.
Tabela de Comparação: Papanicolau vs. DNA-HPV
Aspecto | Pap | DNA-HPV |
---|---|---|
Intervalo entre Coletas | Anteriormente 1 a 3 anos | 5 anos (quando negativo) |
Sensibilidade | Menor | Maior |
Identificação de Subtipos | Não | Tentar |
Recomendado pela OMS | Não | Sim (desde 2021) |
Acesso | Exame realizado por profissional | Autocoleta disponível |
Implementação e Rastreio Organizado
A implementação do novo teste será acompanhada por um rastreio organizado, onde o sistema de saúde buscará ativamente as mulheres para realizar os exames, em vez de esperar que elas procurem as unidades de saúde. Isso é fundamental, pois dados recentes mostram que a cobertura do papanicolau está abaixo de 50% em muitos estados brasileiros.
Novas Diretrizes e Inclusão
Além da substituição do papanicolau, as novas diretrizes também introduzem a possibilidade de autocoleta do material para teste, especialmente para populações de difícil acesso, e orientações específicas para o atendimento de pessoas transgênero, não binárias e intersexuais.
Essas mudanças representam um avanço significativo na luta contra o câncer do colo do útero no Brasil. Com a implementação do exame de DNA-HPV e um rastreio mais organizado, espera-se que a detecção precoce e o tratamento se tornem mais acessíveis e eficazes, contribuindo para a erradicação da doença nos próximos anos.