O Brasil vive atualmente mais um capítulo nefasto de sua história com a confirmação das mortes do indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips. Os restos mortais dos dois ativistas já estão em Brasília, onde foram levados para o Instituto Nacional de Criminalística. Uma perícia vai confirmar a identidade das vítimas.
As investigações continuam para apuração da suposta participação de mais pessoas no desaparecimento e para encontrar o barco utilizado pelos suspeitos para executar o crime.
Nos últimos dias, o assunto foi recorrente na imprensa e nas redes sociais. Por um lado uma avalanche de fotos e notícias de Bruno em momentos de descontração e ensinamento com os índios. Além disso a luta de Dom Phillips pela preservação da Amazônia através de um trabalho jornalístico e até mesmo dando aulas de inglês para comunidades carentes.
Por outro lado, vemos um presidente que vai para as redes sociais ponderar que os dois eram mal vistos pelos garimpeiros da região. Como se não bastasse, um vídeo da época da campanha mostra um Bolsonaro em tom agressivo explanar: “vamos botar um ponto final em todo o ativismo do Brasil”.
Impossível não ligar uma coisa a outra. Pior ainda é saber que o Governo Federal fica de braços cruzados com um assunto desses. Só para comparar, o Exército não se mobilizou para procurar o quanto antes os até então desaparecidos. Custou um bocado para acordar e iniciar buscas. O STF teve de se meter para que um helicóptero fosse usado na ação.
Contudo, o jornalista Jeferson Miola conta no livro “Conversas com o Comandante”, que o general Villas Bôas, comandante do Exército à época da eleição de Bolsonaro, revela um fato curioso.
“Já fiz referência ao coronel Pavanelo, comandante do 4º Batalhão de Aviação do Exército. Lá pelo 20º dia de internação, ouvimos um ronco de helicóptero. Depois de certificar-me de que não havia nenhum apoio aéreo previsto, aproximei-me do local de aterragem. Quando o Pantera pousou, o mecânico de bordo correu em minha direção e entregou-me um envelope pardo. Aguardei a decolagem para, então, abrir o que imaginei ser um documento. Era uma revista Playboy”, relata o livro.
E pra piorar esse assunto, Bolsonaro vai participar de uma motociata em meio a todo o luto de uma nação para duas mortes horrendas de quem lutava por um país melhor. E o local escolhido? Manaus, a capital mais próxima de onde dois seres humanos foram brutalmente assassinados por mirarem o bem de uma floresta.