Dormir adequadamente é imprescindível para a manutenção da saúde física e mental. Durante o sono o organismo produz uma série de hormônios fundamentais para reparação de tecidos. Isso sem falar do crescimento muscular, síntese de proteínas, consolidação da memória – que é peça-chave para a produtividade – e outras funções. Nesse sentido, se é importante para os adultos, porque uma noite mal dormida pode afetar o trabalho profissional. Também é essencial para crianças e adolescentes que podem ver o rendimento escolar baixar drasticamente.
Ciente da relevância do sono para crianças e adolescentes foi que o médico ortopedista, professor e escritor, com pós-graduação em Nutrição e Fisiologia do Exercício e MBA em Gestão de Pessoa, Thanguy Friço, em parceria com sua esposa e também médica, Patrícia Friço, fizeram deste tema peça importante do Livro Pais Saudáveis = Filhos Saudáveis, lançado pela Editora Gente, e do Projeto Escola Saudável.
Com o objetivo de difundir tanto para as famílias quanto para as crianças, adolescentes e jovens a importância de adquirir hábitos saudáveis, o projeto visa distribuir e ensinar material sobre saúde em escolas municipais versando sobre aspectos que eles enxergam fundamentais para a saúde.
Dra. Patrícia destaca que nos últimos anos muitas pesquisas revelaram que a falta de sono contribui para dificuldades na aprendizagem e que, desse modo, a solução para uma vida escolar mais produtiva passa principalmente por dormir de modo adequado. A quantidade de sono necessária para que uma pessoa tenha uma vida saudável e produtiva depende de sua faixa etária. Para crianças em idade escolar de seis anos a 13 anos, recomenda-se de nove horas a 11 horas de sono por dia. Para adolescentes, entre 14 anos e 17 anos, o ideal são de oito horas a 10 horas de sono diariamente.
Rendimento escolar
Dr. Thanguy explica as razões porque o sono pode influenciar o rendimento escolar. “Se crianças ou adolescentes dormem pouco, não conseguem repor suas energias gastas durante o dia e acabam indo para a escola com uma diminuição acentuada de suas capacidades cognitivas”, explica. Além disso, conforme o médico, é durante o sono que acontecem diversos processos metabólicos que consolidam o conhecimento. “Um deles é a última etapa do sono (REM), que é responsável pela maior parte dos sonhos, pelo processamento e pelo armazenamento de conteúdo que foram adquiridos no dia”, afirma.
Por fim, segundo Dr. Thanguy, dormir é fundamental também para se criar e guardar memórias de longo prazo tão essenciais aos estudos. “Quando o sono de um jovem é interrompido em sua última etapa, ele acaba por não conseguir transformar o conhecimento adquirido durante o dia numa memória consolidada”, diz.
Assim, de acordo com o médico, quando crianças chegam à fase escolar é preciso mudanças. Dormir menos que o recomendado, além de notas ruins pode acarretar muitas outras coisas. Dificuldade na tomada de decisões, aumento nos comportamentos arriscados, diminuição nas conquistas acadêmicas e piora na performance das atividades físicas, com maior risco de lesões. Quadro que tende a se complicar com a chegada da adolescência. “Isso porque os adolescentes querem ficar acordados até horas mais avançadas e dormem muito no final de semana, o que não compensa a falta de descanso dos outros dias”, destaca.
Eletrônicos
Contudo, mesmo com cada vez mais conhecimento sobre a importância do sono para o rendimento escolar, fazer crianças e adolescentes terem boas horas de sono parece tarefa impossível na atualidade. Isto porque, conforme Dra. Patrícia, aumentaram sensivelmente as opções de lazeres eletrônicos, tais como televisão, internet, redes sociais e filmes e séries em plataformas de streaming. “Com essas diversas opções, as crianças e adolescentes acabam acreditando que é sempre muito cedo para dormir e, assim, no outro dia sempre fica muito cedo para acordar”, comenta.
A fim de diminuir a interferência dessas diversas opções de lazer nos hábitos de sono de crianças e adolescentes, Dr. Thanguy recomenda algumas atitudes para que pais e filhos criem juntos uma rotina que leve a uma boa qualidade de sono. Em primeiro lugar, o médico sugere que a família defina um horário para se deitar e acordar. “De preferência a mesma hora todos os dias e com poucas variações no final de semana”, ressalta.
Alimentação
Em relação ao hábito alimentar, Thanguy pede atenção para que na hora do jantar, evite-se ingerir alimentos ou bebidas estimulantes. Tudo isso para não prejudicar um boa noite de sono. Após o jantar, a recomendação é para que as crianças e adolescentes evitem ficar em frente a uma tela (TV, notebook, smartphone). “Caso não seja possível, ao menos garanta que os equipamentos sejam desligados, no mínimo 30 minutos antes da família adormecer”, diz Thanguy, recomendando ainda evitar atividades esportivas duas horas antes de dormir.