Um dos adoçantes artificiais mais usados, o aspartame, pode ter o seu risco para a saúde reclassificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Presente em refrigerantes diet ou zero, como a Coca Zero, além de sorvetes, chicletes e outros produtos, este composto pode entrar na lista de “possíveis agentes cancerígenos para humanos”.
A informação sobre a reclassificação do adoçante aspartame em relação ao câncer foi divulgada pela agência de notícias Reuters, mas ainda não foi oficializada. A decisão deveria ser mantida em sigilo até a publicação do relatório, baseado em diversas pesquisas científicas sobre o produto, da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) — o órgão de pesquisa para o câncer da OMS.
O que significa “possível agente cancerígeno”?
Segundo o critério da IARC, classificar algo como “possível agente cancerígeno” indica que há evidências que relacionam o aspartame a um risco maior, sem especificar qual, para a doença oncológica e a formação de tumores. Porém, há outras categorias mais graves, como “provável agente cancerígeno para humanos” ou “agente cancerígeno para humanos”.
Além do IARC, o Comitê Misto FAO/OMS de Especialistas em Aditivos Alimentares (JECFA) também está analisando os dados sobre o adoçante. Os dois relatórios finais devem ser publicados juntos na segunda semana de julho.
Repercussão da reclassificação do adoçante aspartame pela OMS
É importante destacar que, desde 1981, o JECFA considera o consumo do adoçante seguro para a saúde humana, dentro dos limites diários estabelecidos. Para superar esse limite, um adulto de 60 kg teria que consumir entre 12 e 36 latas de refrigerante zero — a quantidade exata depende das possíveis concentrações do aspartame adotadas por cada marca — todos os dias.
No entanto, a revisão dos riscos à saúde envolvendo o adoçante aspartame pode ter um grande impacto em toda a indústria de alimentos, incluindo a mudança de fórmula de produtos clássicos, como os refrigerantes. Por outro lado, um longo debate jurídico deve ser iniciado como parte da resposta das empresas.
Inclusive, as primeiras críticas a essa revisão já são compartilhadas. “A IARC não é um órgão de segurança alimentar. A sua revisão sobre aspartame não é cientificamente abrangente e é fortemente baseada em pesquisas amplamente desacreditadas”, afirma Frances Hunt-Wood, secretário-geral da Associação Internacional de Adoçantes (ISA).
Também vale lembrar que, no mês passado, a OMS atualizou as suas diretrizes para o uso de adoçantes por pessoas saudáveis, sem diabetes. O novo entendimento é que este tipo de produto não é recomendado para dietas que buscam o controle de peso, através da redução do açúcar convencional. A decisão engloba o aspartame, mas também a sacarina, a sucralose e a estévia