Um estudo coordenado pela doutora em geociências Renata Libonati, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revela que a 99% dos incêndios no Brasil tem origem na ação humana. De acordo com a pesquisadora, quase todos os incêndios florestais que ocorrem no país são causados diretamente por atividades humanas, restando apenas 1% dos casos para causas naturais, como os raios.
Renata Libonati, que coordena o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), monitora os biomas brasileiros por meio do sistema Alarmes, que utiliza imagens de satélite para detectar focos de incêndio em tempo real. A pesquisadora alerta que, mesmo quando não são intencionais, esses incêndios são criminosos. Isso porque a legislação atual proíbe o uso do fogo em regiões atingidas por crises climáticas, como a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal.
Situação crítica nos principais biomas
Os dados mais recentes revelam uma situação alarmante nos três principais biomas afetados pelos incêndios: Amazônia, Cerrado e Pantanal. De acordo com o estudo, a Amazônia registra o pior ano desde que o monitoramento começou. Ao todo, são 10 milhões de hectares queimados. Isso equivalente a 2,5% de toda a sua área. O Cerrado já perdeu 11 milhões de hectares, cerca de 6% do total; Ao mesmo tempo, o Pantanal teve 12,8% de sua área devastada, acumulando 1,9 milhão de hectares queimados.
Tabela: Incêndios por Bioma em 2024
Bioma | Área queimada (milhões de hectares) | Porcentagem da área total |
---|---|---|
Amazônia | 10 | 2,5% |
Cerrado | 11 | 6% |
Pantanal | 1,9 | 12,8% |
O impacto da ação humana
Os incêndios estão fortemente associados ao desmatamento e ao uso da terra para atividades econômicas, como a agropecuária. “A ocorrência dos incêndios no Brasil está intimamente relacionada ao uso da terra”, explica Libonati. O fogo, utilizado como ferramenta para abrir áreas de pastagem e agricultura, acaba se transformando em grandes incêndios que destroem vastas áreas de vegetação.
Além disso, a pesquisa indica o agravamento dos incêndios pelas mudanças climáticas. Além disso, também ocorre o uso inadequado do fogo, que se intensificou em regiões dependentes de queimadas naturais, como o Cerrado. No entanto, em biomas como a Amazônia, que são altamente sensíveis ao fogo, as queimadas causam danos irreversíveis à biodiversidade e ao ecossistema.
Um ultimato ao estilo de vida atual
Libonati também faz um alerta sobre o futuro: “Nosso estilo de vida atual é incompatível com o bem-estar da nossa sociedade no futuro”. Isso significa a necessidade de rever práticas que incentivam o desmatamento e o uso do fogo é urgente.
O estudo reforça a importância de políticas públicas voltadas para a preservação ambiental e o combate a incêndios florestais, além de alertar a sociedade sobre os impactos das ações humanas no meio ambiente.