Se houvesse a mínima união entre os clubes de futebol brasileiros…
Mais que isso… se as instituições tivessem o mínimo de respeito pela formação e identidade nacional a Taça Libertadores da América 2022 estaria paralisada!
Pelo menos até alguma normatização padronizada, drástica contra os atos de racismo que, lamentavelmente, são regra, não exceção na competição.
Falo da união de clubes pelo simples fato que não dá para esperar da, historicamente, omissa Confederação Brasileira de Futebol algo de concreto.
Eternamente subserviente a Conmebol, que rege o futebol continental, a CBF pouco, ou nada apita em termos burocráticos aqui no Hemisfério Sul, apenas segue o fluxo desta selva que é a estrutura e organização do futebol sulamericano.
Ontem, durante duelo entre Boca JuniorsXCorinthians mais uma manifestação desprezível.
Um torcedor argentino imitando macaco, tal qual aconteceu com outro argentino na partida de ida, há coisa de um mês, desta feita em solo brasileiro.
Na ocasião houve o único registro de prisão dentre todos os episódios relatados.
Não por acaso, a única ação policial, de fato, foi no Brasil, país que, no continente, dispõe de leis mais severas para o crime.
Mas ainda assim, após pagamento de três mil reais o argentino racista foi liberado, há tempo de manifestar seu desprezo as leis e pessoas postando na internet uma foto com imagem de macaco e mensagem jocosa ainda em território brasileiro.
Antes, apenas nesta edição da Libertadores, outros três episódios de racismo foram registrados em um intervalo pouco maior que dez dias, em 3 jogos, 3 países diferentes e todas dirigidas a brasileiros.
De banana ao gesto asqueroso de imitar macacos.
Macaquitos como a América Espanhola, mais, tradicionalmente, parcela popular do Uruguai, Argentina e Chile adoram se referir aos brasileiros.
Três nações que, dizimaram a referência afro das suas culturas.
Exterminaram a contribuição dos africanos escravizados para as identidades locais. Aliás, praticamente, negam a existência de passagem escrava pelas localidades.
Tudo pela exaltação a nobreza européia e uma descendência quase real, pura do Velho Mundo.
Lógico que não estou a dizer que todo “Hermano” dos três países é racista. Jamais incorreria nestes generalismos, mas fato é que há uma semente fértil nesses territórios para surgimento desta espécime desprezível.
Mais que isso, há tolerância, quase complascência oficial no combate a tal excrescência chamada racismo.
Leis brandas, ou nulas e total omissão das autoridades locais.
Há ainda espantosos episódios pitorescos, se é que algo tão torpe pode ser tratado assim.
Na partida entre Emelec x Palmeiras um jovem equatoriano desferiu injúrias a torcida do alviverde paulista.
Vejam bem. O cidadão era branco, mas a seleção do Equador, por exemplo, é composta majoritariamente por negros.
Não que miscigenação represente algum livramento da praga do racismo. Que o diga o próprio Brasil.
Falando daqui. Um dos episódios de racismo mencionado ocorreu em São Paulo, durante jogo entre CorinthiansxBoca Jrs.
Tudo isso somado ao histórico sulamericano de agressões físicas, violência, desordem, total inação das forças de segurança e menos ainda punição da Conmebol.
Se a CBF quisesse usar, de fato, sua relevância política no futebol continental, naturalmente, forçaria uma ação radical da Conmebol.
Além da representatividade em tradição, o futebol brasileiro há anos e cada vez mais, como nunca na história, detêm os favoritos, mais ricos, estrelados e atrativos times da América do Sul.
Sim, os clubes brasileiros lucram e desejam a Libertadores, mas hoje a competição depende muito mais daqui do que o inverso.
Sem os times brasileiros, a Libertadores seria apenas um já combalido Campeonato Argentino enxertado. Inchado com arremedos de times de outros países.
E convenhamos, hoje o Argentinão não é um produto de atração para além dos seus fanáticos torcedores.