Fotografia, pintura, escultura cerâmica, bordados, caricatura, miniaturas de madeira, entre outras manifestações artísticas. Tudo isso integram a exposição Suassuna, Uma Estrela no Mundo, que sobretudo presta tributo ao escritor, dramaturgo, romancista, ensaísta e poeta paraibano Ariano Suassuna (1927-2014), um dos maiores nomes da literatura brasileira.
Antes de mais nada, a mostra reúne 58 obras de 43 artistas de diferentes áreas e fica em cartaz em Salvador, de modo presencial, até o próximo dia 22 de outubro, às sextas, sábados e domingos, das 15 às 19 horas, seguindo todos os protocolos de segurança. A entrada é franca.
Entre os participantes, nomes como os fotógrafos Bob Wolfenson, Camila Ferrera e Damaris. Além disso, o cartunista Camaleão, a poetisa Tessa Pisconti, o escultor Vicente Silva, o artista plástico e miniaturista Léo Furtado, a ceramista Cecília Menezes e a odontologista e bordadeira Ludmila Castro.
O fotógrafo e curador Mário Edson afirma que chegou a conhecer Suassuna, de quem é admirador. Pensou em homenageá-lo em vida, mas ele faleceu antes. Sem esquecer do objetivo, ele visitou a casa de Ariano, em Recife. Foi lá onde fotografou objetos pessoais do escritor, a exemplo da icônica cadeira de balanço, na qual concedeu muitas entrevistas.
Mário Edson relata que também visitou o município de São José do Belmonte, a 474 km do Recife, onde Suassuna criou um santuário e o Castelo Armorial. “O universo de Suassuna fotografado por mim ocupa a Sala Frans Krajcberg. Contudo, as outras 46 obras serão distribuídas nas salas Ariano Suassuna e Tati Moreno, pertencentes ao ateliê”, descreve o curador.
Obras
Entre as fotografias de Mário Edson destaca-se a bela imagem de uma jovem loura. A produção faz referência a uma das obras do escritor, que foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1989: Uma Mulher Vestida de Sol.
Ao mesmo tempo, outra peça que chama a atenção é Saiu! Foi Contar a História Pro Mundo, uma miniatura de escala de um teatro mambembe, trabalho de Leo Furtado, artista plástico, músico e miniaturista há mais de 20 anos.
A obra também faz referência ao Auto da Compadecida. Ludmila, que há cinco anos adotou esta técnica, revela a proximidade de sua obra com a literatura de cordel. Entre eles, o pesponto e a imagem que sempre remete à técnica de xilogravura.
Poesia
A poeta Tessa Pisconti participa da mostra com a poesia Sertariano, que traz os seguintes versos: “Ah trovador/ Trovaste a lua no céu de romãs/ o pedregulho da terra partida/ o rosto magro de pele seca e barriga vazia/ Dom Quixote sertanejo a cantar a sua caatinga”.
Nesse sentido, Tessa afirma que é a primeira vez que participa de uma exposição visual. “Para mim é uma felicidade, principalmente pelo trabalho primoroso de Mário Edson e por fazer parte da homenagem a Suassuna. Ele tem sua obra transitando frequentemente entre o popular e o erudito”. Tessa destaca ainda na dramaturgia de Suassuna a comicidade aliada à crítica social.
O artista visual Vicente Silva trouxe para a exposição uma escultura, na qual Ariano Suassuna faz eco com a poesia de Pisconti. Além disso, Ariano é mostrado como Dom Quixote de La Mancha, lendo folhetos de cordel.
Em síntese, Suassuna escreveu ensaios, romances, dramaturgias e poemas. Ao passo que maior parte de sua obra está relacionada com os elementos nordestinos. Entre suas produções, Uma Mulher Vestida de Sol (1947), O Rico Avarento (1954), Auto da Compadecida (1955). Destacam-se ainda O Santo e a Porca (1957), A Pena e a Lei (1959), Farsa da Boa Preguiça (1960) e O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971).
Do A Tarde