Com o sucesso da campanha de financiamento coletivo do livro Verde gás, romance do paraibano Ricardo Oliveira, lançado em 2023, a obra esgotou sua tiragem inicial. Agora, o autor está em nova campanha para financiar a 2ª edição da obra. Esta nova fase é independente (sem vínculo com uma editora) e, além da narrativa, trará ensaios e bastidores sobre o próprio livro. Para participar da campanha, que funciona como uma pré-venda, basta acessar o endereço catarse.me/novoverdegas.
Verde gás conta uma história distópica e pós-apocalíptica que se passa em João Pessoa–PB. O arquiteto João se vê como único sobrevivente de um ataque de gás tóxico no condomínio fechado onde vive. Curiosamente, após entender sua condição, decide continuar no condomínio enterrando corpos e vasculhando o passado dos seus amigos e familiares.
A primeira campanha já havia rendido a pré-venda de mais de 100 exemplares da obra, fazendo com que os eventos de lançamento em dezembro também fossem um momento de entrega de recompensas e celebração. Mas as expectativas do autor foram superadas. “Até fevereiro deste ano, praticamente dois terços da tiragem já tinham sido vendidos. Em maio, o livro estava esgotado, restando pouquíssimos exemplares nas livrarias locais”.
Além do projeto gráfico assinado pelo designer e artista visual Rayan Rodrigues, a obra traz um novo posfácio do autor e mais dois ensaios sobre o livro. Tiago Germano, professor e doutor em escrita criativa e premiado autor paraibano, escreve o texto “Um marco distópico”, onde situa a importância de Verde gás na literatura paraibana, nordestina e brasileira. Já o professor da Universidade do Porto, em Portugal, Samuel Lins, fala sobre a forte conexão do livro com temáticas da psicologia social, sua área de pesquisa e ensino. “Ao ler Verde gás, temos uma aula teórica e prática de Psicologia Social”, afirma Lins em seu texto intitulado “Para além do óbvio entre nós: a psicologia social em Verde gás”.
Narrativa ganha versão RPG
Em parceria com o projeto Mesa de RPG, tocado pelos paraibanos Diogo Almeida e Taiguara Rangel, Verde gás também será lançado em formato role playing game. Diogo e Taiguara criaram um sistema autoral, chamado Agile 6, cujo objetivo é simplificar as regras em partidas de RPG e diminuir a curva de aprendizagem. A parceria nasceu ainda em 2023, mesmo antes do livro ser lançado. A versão Verde gás RPG terá dois formatos: uma versão resumida que virá junto ao mapa do condomínio (já conhecido dos leitores da obra) e uma completa, em formato e-book, com detalhamento das regras e uma aventura original sugerida para primeiro contato. Todos os que apoiarem a campanha nesta etapa receberão o PDF com o e-book. O mapa com a versão impressa e resumida é uma das recompensas que podem ser adquiridas no Catarse.
Reta final da campanha e lançamento
O projeto de financiamento coletivo de Verde gás está na modalidade flex, o que significa que mesmo se não chegar aos 100%, o livro será produzido. O objetivo é atender a demanda promissora do principal lançamento desta segunda edição: o Imagineland 2024. Ricardo é um dos artistas selecionados para o Artists’ Alley do evento, apresentando não apenas o livro, mas os itens colecionáveis e suas outras obras. “Quem estiver no evento, além de poder adquirir o livro autografado, vai conhecer presencialmente os materiais extras, como pôsteres, cadernos e outras surpresas que estamos preparando”, afirma o autor. O Imagineland acontece nos dias 26, 27 e 28 de julho e o autor estará presente na mesa de número 5.
O QUE JÁ DISSERAM
“Durante a sua odisseia de coveiro de si e dos outros — um ladrão de intimidades no fim do mundo —, João precisa entender onde foi que ele errou para ter parado onde se encontra atualmente: no fim dentro do fim, restaurando casas como se estivesse remendando as fraturas da vida, “sepultando o mundo inteiro”. Porém, mal sabe ele, é impossível remendar um apocalipse. Seja os nossos, seja o do mundo. O verde é total.”
BRUNO RIBEIRO
Autor vencedor do prêmio Machado (DarkSide) e semifinalista do Jabuti com “Porco de Raça”.
“Os elementos do pop (ficção distópica e coming of age) dão forma a um Nordeste contemporâneo e mostram que, às vezes, a gênese do Mal está justamente em acreditar que tudo o que se colore de verde há de ser a esperança. Mais do que isso, é uma saga política sobre como essa coisa sem-nome, essa coisa verde, se espalhou entre nós com cara de inofensiva”.
DÉBORA FERRAZ
Autora vencedora do Prêmio Sesc e do Prêmio São Paulo de Literatura com seu romance de estreia “Enquanto Deus Não Está Olhando”.
“Se, com o seu “Não verás país nenhum”, Ignácio de Loyola Brandão inaugurou alguma tradição de narrativa distópica no Brasil, Ricardo Oliveira é, a preço de hoje, o seu melhor discípulo. “Verde gás” já é, sobretudo aqui no Nordeste (onde ele se passa) um marco desta da literatura de fantasia. Uma ficção com o realismo e a sofisticação estética hoje em falta na literatura que, aspirando à arte, parece não entendê-la também dentro do contexto do entretenimento”.
TIAGO GERMANO
Autor finalista do Prêmio Jabuti, semifinalista do Prêmio Oceanos. Autor de “O Que Pesa no Norte”, entre outras obras.
“Verde gás veio quase como um abraço, me emocionei durante a leitura do início ao fim; fim esse que me desolou e me revoltou. Fui felizmente agraciada por uma história sensível sobre o fim, que não me dá falsas esperanças, mas que me renova a crença de que existimos uns pelos outros”.
MARIANA ELIS
Preparadora e revisora de textos, leitora crítica, pesquisadora da literatura gótica e editora no projeto Explorações: coletivo editorial
“O condomínio de “Verde Gás” representa a nossa sociedade, cada vez mais isolada em si mesma, com suas ideologias, crenças e preconceitos com quem pensa e vive diferente. A maior tragédia do séc. XXI não nos ensinou nada. Não evoluímos, não mudamos. Seguimos rumo a nossa própria destruição. Na busca pelo individualismo e uma falsa segurança, o local se torna um cemitério com nossos defeitos expostos. Tal qual o final de “Verde Gás”, não nos resta esperança. Talvez já estejamos mortos”.
ISMAEL CHAVES
Escritor, editor e resenhista no blog Escuro Medo
“Verde Gás acerta quando pincela diferentes gêneros, com romance de apertar o coração, mistério envolvente, drama dilacerante e horror bastante incômodo. Incômodo, aliás, me parece a expressão correta para definir o livro: incômodo. Mas não no sentido metalinguístico, seu conteúdo é feito para incomodar e provocar, replicando cenários reais e trazendo analogias de um autor que, sim, é cristão. Importante trazer aqui: é fichinha um ateu criticar as instituições religiosas, mas considero um ato de coragem criticar aquilo que é uma das suas características culturais, que ainda te cerca quando a maior parte da sua estrutura e ciclos sociais está inserida nesse contexto”.
GI ISMAEL
Jornalista, artista, produtora cultural e apresentadora
Serviço
Verde gás – 2ª edição
244 páginas
Ficção científica/distópica
Campanha ativa até o dia 22 de julho