O Instituto Semesp divulgou uma pesquisa que mostra que mais da metade dos estudantes que entram em faculdades no Brasil não terminam seus cursos. Nas áreas de tecnologia, como Ciência da Computação, Design de Games e Sistemas de Informação, o índice de abandono é ainda maior, com 60% dos alunos desistindo dos cursos antes de se formarem. Os motivos para a evasão são diversos, como insatisfação com os currículos e dificuldades econômicas e de mercado.
Rodrigo Bouyer, Avaliador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e sócio da Somos Young, afirma que os motivos são muitos e complexos. A evasão do ensino superior sempre existiu, mas com a pandemia que vivemos ficou mais evidenciado os números de desistências. “Um dos fatores é a diferença da qualidade da entrega da educação, principalmente quem sai do ensino médio para o ensino superior, boa parte dos alunos, principalmente oriundos da rede pública, não conseguem acompanhar o ritmo da turma e desistem do curso”.
Além de questões financeiras, agravadas pela crise econômica nos últimos anos e a redução de financiamentos com ajuda do governo (Fies), há dificuldade de faculdades manterem cursos conectados à realidade das empresas. O mercado bastante aquecido, que muitas vezes contrata sem exigir diploma (basta o conhecimento prático), aumenta o desafio. “Às vezes as pessoas não entendem que mesmo sendo um estudante de ensino superior público, os gastos existem e não são poucos. Gastos com transporte, alimentação, roupas, papelaria, livros entre outros e nem sempre as pessoas conseguem suprir estes gastos. Não é fácil e não é barato fazer ensino superior no Brasil”, explica Bouyer.
“Brasília tem hoje o mesmo percentual de concluintes da meta nº 12 do PNE de 10 anos atrás, não houve uma evolução mas já teve taxas superiores há anos atrás, isso significa que as pessoas estão abandonando mais as universidades, seja ela pública ou privada, isso é um problema e um grande desafio que o país tem que resolver”, explica o especialista.
Bouyer enfatiza que “já que a instituição privada, que as empresas com fins lucrativos essencialmente elas se beneficiem de anos de uma formação de Educação de alguém para pegar o profissional pronto e contratar, porque não devolver uma parte disso também para as instituições de ensino por programas diversos que não precisa ser necessariamente doação, pode ser contratação efetivamente de serviços prestados pela instituição de ensino e assim de alguma forma a iniciativa privada precisa se envolver nesse debate para aumentar a qualificação profissional, que será benéfico para todos, inclusive para as empresas”.
E por fim, o quarto e último ponto: o Governo Geral, aí referindo-se diretamente ao Ministério da Educação, Ministério da Fazenda, Tesouro Nacional, Congresso enfim, todos juntos pensando em maneiras de se promover o desenvolvimento do ensino superior, quer seja por retomada do FIES, esse novo FIES que está sendo anunciado para 2024, quer seja para ações de estímulos a essas instituições, que ao montar um Campus numa cidade bem distante dos grandes centros leva para lá consigo empregos, investimentos, empreendedorismo, inovação e geração de renda.