Nos últimos anos, tornou-se comum o uso de dispositivos como relógios e pulseiras que monitoram diversos aspectos da saúde: horas de sono. Desde batimentos cardíacos, passos dados, calorias queimadas e nível de oxigênio no sangue. Agora, novas empresas de tecnologia e saúde prometem dar um passo além. Dessa forma, vai oferecer exames de sangue que monitoram biomarcadores para prever doenças e revelar a “idade biológica real” do corpo.
Essas empresas, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, utilizam exames de sangue para monitorar biomarcadores. São sinais mensuráveis dentro do corpo, como moléculas, genes, hormônios e vitaminas. Ao mesmo tempo, os dados são coletados com frequência, geralmente a cada três ou seis meses, e usados para calcular a idade biológica. A princípio, vai comparar os biomarcadores de uma pessoa com os da população geral. Esse processo é conhecido como “relógio epigenético”.
Um exemplo de biomarcador monitorado é a metilação do DNA, um processo químico que ocorre nas células sem alterar a estrutura do DNA. Cientistas acreditam que a metilação do DNA está fortemente ligada à idade biológica e que é possível intervir nesse processo para retardar ou reverter o envelhecimento biológico. Empresas afirmam que a idade biológica pode ser mais relevante para a saúde do que a idade cronológica e que, com mudanças de hábitos e estilo de vida, é possível reverter a idade biológica.
Especialistas questionam
Apesar das promessas, essas novas empresas enfrentam críticas de especialistas. Alguns alertam que a tecnologia não é 100% precisa e pode levar a diagnósticos equivocados, gerando ansiedade e tratamentos desnecessários. Além disso, há preocupações de que essas empresas estejam mais interessadas em lucro do que na saúde dos clientes, criando uma demanda desnecessária por serviços caros.
No Brasil, ainda não há empresas que ofereçam esses serviços de monitoramento frequente de biomarcadores como nos EUA e Europa. Contudo, laboratórios já realizam análises de biomarcadores sob pedido médico. As novidades no setor incluem o desenvolvimento de tecnologias avançadas para analisar dados e a redução dos custos desses exames, tornando-os mais acessíveis.
Empresas como Lifeforce e Function Health baseiam seu modelo de negócios em assinaturas, oferecendo exames frequentes de biomarcadores e acompanhamento médico para criar planos personalizados de saúde. A Function Health, por exemplo, oferece exames anuais de mais de 100 biomarcadores por US$ 500, enquanto a Lifeforce cobra US$ 349 no primeiro mês e depois US$ 129 mensais para monitorar 40 biomarcadores.
Enquanto isso, a popularidade desses serviços cresce, em parte, devido a livros e médicos influentes que defendem a ideia de “Medicina 3.0”. Esse conceito foca na prevenção e longevidade em vez do tratamento de doenças. No entanto, especialistas alertam que a explosão dessas empresas também pode levar a um excesso de exames e tratamentos desnecessários, gerando altos custos para os consumidores e a necessidade de maior regulação e educação sobre esses serviços.
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