“Por melhor que seja a residência onde eu esteja, o Palácio da Alvorada, com tudo que se possa imaginar, o silêncio e a solidão é ensurdecedora, muitas vezes me sinto ali um presidiário sem tornozeleira eletrônica”. Essa afirmação é do presidente Jair Bolsonaro (PL), que deu tal declaração durante um encontro com evangélicos em Cuiabá (MT), nesta terça-feira (19).
Do mesmo jeito que o presidente reclama que se sente como alguém que comete crimes e tem a liberdade privada, ele também fala em “missão”. Sem explicar direito tudo o que faz e o que pensa, colocando até sigilo de 100 anos sobre alguns assuntos, Bolsonaro consegue inserir o sentimento de presidiário e a palavra missão no mesmo discurso.
“Cada um de nós tem a sua cruz, sabendo quem é o Senhor vencemos qualquer obstáculo”, enfatiza.
Essas falas de Bolsonaro foram feitas logo após uma motociata que organizou em Cuiabá, que frustrou as expectativas presidenciais por só contar com 6% das motos esperadas. Cinco mil motocicletas estavam sendo aguardadas, mas somente 325 se cadastraram para o evento.
Isolamento
E essa solidão de presidiário que o presidente diz sentir revela o quanto Bolsonaro está isolado. E esse isolamento reflete diretamente no processo eleitoral.
Enquanto robôs e mentiras trabalham intensamente para desqualificar seu adversário, o ex-presidente Lula, os auxiliares do Planalto suam para inventar ações governamentais que possam dar sobrevida a Bolsonaro em uma segunda disputa eleitoral.
Mesmo que pra isso eles já tenham rasgado todo o discurso político de outrora. Mesmo que pra isso eles já tenham levado a mamata pra dentro do governo.
E justamente todas as ações que o tempo e a justiça dirão o tamanho do crime cometido. E se o sentimento de presidiário foi só um pressentimento de quem sabe que está fazendo a coisa errada. A contagem regressiva do foro privilegiado já está batendo na porta.
